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Elvis in Concert 1977: A Proposta de Um Novo Olhar
Elvis in Concert 1977: A Proposta de Um Novo Olhar

Elvis in Concert 1977: A Proposta de Um Novo Olhar

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 Em 1977, poucos meses antes de sua morte, Elvis teve dois shows integralmente gravados pela rede de TV americana CBS. Estes shows, nas cidades de Omaha e Rapid City, foram posteriormente editados, dando origem ao especial póstumo intitulado Elvis in Concert. Nos Estados Unidos, a CBS exibiu o Elvis in Concert no dia 3 de outubro de 1977, das 20 às 21 horas de uma segunda-feira. No Brasil, foi transmitido no ano seguinte pela rede globo, exatamente no dia 16 de agosto, às 21 horas de uma quarta-feira. Desde que o Elvis in Concert foi ao ar, parte da crítica jornalística passou a atacar duramente a imagem de Elvis e suas performances. No Brasil, a reação não foi diferente. No dia em que Elvis morreu, Cid Moreira, então apresentador do jornal nacional, noticiou o falecimento de Elvis com as seguintes palavras: “agora à noite, o hospital batista de Memphis informou que Elvis Presley foi encontrado morto... Elvis, com 42 anos, muito mais gordo e um casamento acabado, vivia sozinho em sua mansão no Presley Boulevard; e na solidão, sempre assistia ao filme que conta à história dele... Distante da glória, do palco e dos fãs, ele revivia os tempos em que era o rei do rock and roll.

Portanto, esta era a imagem retratada pela impressa: um Elvis gordo, saudoso, esquecido e vivendo sozinho no absoluto ostracismo. Tratava-se de uma imagem totalmente distorcida e falseada, refletindo a animosidade e má fé de alguns setores da imprensa. De fato, Elvis estava acima do peso e com a saúde comprometida. Entretanto, mantinha uma intensa agenda de shows, além de uma vendagem expressiva de discos. Seu álbum de 1977 (Moddy Blue) foi laureado com o título de “disco de ouro” naquele mesmo ano, alcançando o status de “platina dupla” em 1992. Também foi considerado o melhor álbum do gênero country de 77. Elvis continuava a ser venerado por seus fãs. Admiradores de todo mundo, inclusive do Brasil, acorriam aos Estados Unidos simplesmente para vê-lo cantar. Nesta época, Elvis tentava reconstruir sua vida pessoal, tanto que chegou a noivar com uma belíssima jovem americana, Ginger Alden, antes de sua morte.

Se a carreira de Elvis continuava ativa, por que havia tanta aversão dos críticos em relação a sua figura? É certo que esta hostilidade foi fortemente influenciada pelo contexto musical da época. No final da década de 70, o gênero disco alcançava sua fase explosiva de popularidade. Havia uma percepção equivocada de que o rock and roll era um estilo superado, e que os cantores de rock seriam definitivamente suplantados pela onda das discotecas. Tanto é verdade, que muitos cantores de funk e soul aderiram à onda disco. Era o tempo dos “embalos de sábado à noite”, tempo do brilho, das luzes saltitantes, das roupas coloridas e extravagantes, tempo em que Star Wars estreava nas salas de cinema pela primeira vez. Havia uma atmosfera de modernidade, tecnologia e revolução cultural. Como a figura de Elvis estava associada às origens do rock, os críticos mais enfurecidos passaram a admoestá-lo sistematicamente. Sobretudo, porque Elvis era um roqueiro veterano, um rei de 42 anos de idade, com raízes profundas na tradição do blues e da country music. Para a crítica desqualificada, é mais fácil se promover atacando quem está em evidência. Pisar em cachorro morto não causa repercussão.

As mudanças na aparência física de Elvis também contribuíram para acentuar esta animosidade. Neste sentido, o especial Elvis in Concert favoreceu a divulgação destas mudanças através da TV. Mas, afinal, o que se vê ao examinar estas imagens? Em resumo, vê-se um homem acima do peso, menos ágil que outrora e sonolento em certos momentos. Porém, também se vê um intérprete de voz magistral, irrepreensível, de imponente estatura física e carisma genuíno. Elvis conservava a inigualável exuberância que o consagrou desde o princípio. Ostentava para o público um dos seus melhores trajes, adornado com o reluzente sol asteca a brilhar no peito e no dorso. O show possui momentos memoráveis, onde Elvis revela toda sua potência vocal, demonstrado que sua voz permanecia imbatível. Três canções são particularmente impressionantes pela riqueza da interpretação: Hurt, onde Elvis vai facilmente do grave ao agudo extremo, Unchained Melody, com Elvis a todo fôlego no piano e a inspiradíssima How Great Thou Art.

É provável que Elvis não sofreria esses ataques se fosse gordo desde o início. Demis Roussos, no ápice de sua carreira, já era visivelmente obeso. Contudo, sua obesidade nunca foi objeto de contestação por parte da crítica. Poderia se dizer o mesmo de B.B King, Barry White, Luciano Pavarotti, Ed Motta e outros nomes da música e do cinema. E quanto à aparente sonolência manifestada por Elvis em certos momentos? Durante os seus shows, Bob Marley apresentava sinais típicos de torpor pelo uso de substâncias psicoativas. Todavia, nunca foi denegrido por este comportamento. Ao contrário, Marley era considerado um rebelde depreendido e contestador. Qualquer observador inexperiente percebia a letargia de Amy Winehouse em decorrência do álcool e das drogas. Não obstante, Amy é referida como uma artista excêntrica, jovial e de comportamento transgressor.

O que dizer dos cantores românticos que pouco se movem no palco? Nunca se viu a imprensa retrucar a imobilidade de Julio Iglesias, de Frank Sinatra ou de Roberto Carlos, um ex-roqueiro. Não obstante, os movimentos contidos de Elvis foram duramente repreendidos, mesmo tendo um repertório majoritariamente romântico nesta época. Michael Jackson teve seu rosto desfigurado por inúmeras cirurgias plásticas, mudou do preto para o branco e ainda foi acusado de pedofilia. No entanto, Jackson jamais teve sua imagem censurada pelas transformações físicas voluntariamente sofridas.

Fica evidente que as críticas feitas a Elvis são relativas. Elas têm algum fundamento quando comparam o Elvis de 77 ao Elvis de 68, por exemplo.  Porém, se o Elvis de 77 for visto com isenção, evitando-se confrontá-lo com os tempos de juventude, parte das acusações cai por terra. A comparação entre o Elvis maduro e o Elvis jovem desconsidera as mudanças naturais sofridas por todo artista na medida em que envelhece. Elvis estava com 42 anos. Carregava, sobre os ombros, mais de 20 anos de uma exaustiva carreira e vários problemas físicos. Mesmo que gozasse de plena saúde, não poderia ser o mesmo de antes. Portanto, é necessário ver o Elvis de 77 com os olhos de 77, e não com os olhos de 53 ou de 68. Se ainda estivesse vivo, Elvis não faria aquelas proezas acrobáticas que outrora realizou no palco.

Analisando as críticas feitas a Elvis, incluindo aquelas da década 70, percebe-se o quanto parte da imprensa é implacável e ferrenha. Quando o artista em questão é Elvis, exige-se o máximo dele, quase a própria perfeição. Qualquer nota inferior a dez, mesmo que satisfatória, é motivo de duras acusações. Para estes críticos, outros artistas podem ter fraquezas e cometer deslizes, mas não Elvis. Parece que este direito lhe fora negado. Sem dúvida, trata-se de uma grande injustiça a alguém que deu o máximo de si ao público e aos fãs até o final da vida.

Há também aqueles que se ressentem do repertório dos últimos shows, dizendo que era repetitivo e que pouco se modificava. Esta mesma crítica é feita às apresentações de Roberto Carlos. No entanto, qualquer artista veterano tem um show típico relativamente padronizado. Isto é, um repertório de canções imprescindíveis que não podem faltar, sob pena de desagradar o público. Em 77, Elvis já acumulava várias destas canções que o consagrou. Este repertório formava o eixo central de sua apresentação. Ainda assim, percebe-se que Elvis acrescentava músicas de trabalho mais recentes aos seus shows. Por exemplo, as canções HurtAnd I Love You So, Help Me,  Unchained Melody. Não raro, ele também resgatava canções de outrem, ou canções do seu repertório poucas vezes cantada ao vivo.

Infelizmente, a Elvis Presley Enterprises (EPE) insiste em não autorizar o lançamento original dos tapes da CBS. Esta recusa reflete as duras acusações sofridas por Elvis naquela época e tempos depois. Trata-se de uma estratégia para salvaguardar a imagem de Elvis frente aos abutres da impressa marrom. A retenção dos tapes originais também pode representar uma estratégia comercial, um último coringa na manga da EPE a ser lançado no futuro a peso de ouro. Entre os fãs, circulam cópias inferiores produzidas por selos piratas independentes. Por se tratarem de cópias, as imagens não têm boa qualidade. Apenas alguns fragmentos originais foram liberados oficialmente para enriquecer documentários e coletâneas. Sabemos, por estes fragmentos, que as matrizes de primeira geração gravadas pela CBS têm excelente qualidade. As imagens são multicâmara, permitindo a exibição em diferentes ângulos e direções. Além disso, contêm vasto material, o que inclui dois shows completos (Omaha e Rapid City), bastidores, montagem do show, tomadas externas e entrevistas com os fãs. Os tapes possuem material suficiente para 3 ou 4 DVDs.

Em 2011, um selo não oficial, a boxcar, lançou uma coleção de luxo intitulada Elvis - The Final Courtain. A caixa, além de um livro ricamente ilustrado, contém os shows completos de Omaha Rapid City, o especial da CBS e muitas imagens raras filmadas em 8mm. Trata-se da melhor qualidade de vídeo já lançada até agora, mas ainda distante da qualidade das matrizes que foram gravadas em bobinas profissionais ampex de 2 polegadas. O especial editado, resumo de ambos os shows, é aquele que possui melhor qualidade. Algumas fontes afirmam que ele é cópia de primeira geração do tape que foi editado e transmitido pela TV. Todavia, nesta coleção, os shows completos de Omaha e Rapid City têm qualidade inferior. Provavelmente, são cópias de terceira ou quarta geração. A venda e distribuição deste material foram suspensas pela justiça americana. A EPE, após rastrear a origem, moveu uma ação na justiça contra os empresários Joseph Prizada e Bud Glass, ambos acusados de serem os responsáveis pela distribuição ilegal. Depois deste episódio, é certo que a guarda e vigilância das bobinas originais aumentou rigorosamente, pois muitos selos independentes cobiçam estes tapes. Desde o lançamento da boxcar, a situação dos tapes da CBS parece estar estacionária diante de um impasse. Em síntese, pode-se dizer que a EPE não lança oficialmente este material, tampouco permite que outras produtoras o façam, o que é lamentável.

A EPE já manifestou publicamente a sua posição quanto ao lançamento oficial dos tapes da CBS. Segundo ela, os shows poderiam ser lançados oficialmente, caso houvesse uma maneira de fazê-los chegar apenas aos fãs, protegendo a imagem de Elvis. Atualmente, esta possibilidade existe com a criação do selo FTD, cujos lançamentos são consumidos majoritariamente por fãs. Porém, Ernst Jorgensen, criador da série FTD, não deu qualquer indicação de que possa comercializar vídeos de Elvis, incluindo o Elvis in Concert. Os colecionadores mais experientes estão céticos quanto ao lançamento oficial do Elvis in Concert. Eles acreditam que a EPE jamais lançará este material. Portanto, a única possibilidade de um lançamento satisfatório seria através de selo independente. Isto é, uma produtora "pirata" que tivesse acesso às bobinas originais da CBS para digitalizar e remasterizar as imagens. No meio disto tudo, algumas dúvidas e mistérios permanecem: como a boxcar teve acesso ilegal a estas cópias? Onde estão arquivadas as bobinas ampex originais? Estes arquivos já foram digitalizados?

A maioria dos fãs concorda que a política da EPE é equivocada ao tentar ocultar esta última fase da carreira de Elvis. O fato concreto é que os shows de Omaha e Rapid City já são públicos, uma vez que podem ser baixados pela internet e vistos no YouTube, porém com baixa qualidade. Se eles fossem lançados oficialmente, remasterizados em HD, a imagem melhoraria sensivelmente, tanto a imagem de vídeo, quando a imagem física de Elvis. Além disso, os produtores poderiam utilizar os melhores ângulos, enriquecendo o material com entrevistas e depoimentos que contextualizassem aquele momento da carreira de Elvis. Entretanto, algumas preocupação legítimas angustiam os fãs: os tapes estão sendo devidamente preservados? Se o lançamento for delongado demasiadamente, será que as novas gerações ainda terão interesse em adquiri-lo? No futuro, se o número de fãs diminuir, a fabricação e distribuição compensarão o investimento financeiro?

Para os fãs de Elvis, os tapes da CBS possuem um significado especial. Trata-se do último registro de Elvis com qualidade de vídeo profissional. É a distância mais próxima entre Elvis e o nosso tempo, uma oportunidade ímpar de vê-lo mais uma vez. Por esta razão, fãs, admiradores e simpatizantes têm a esperança de que, algum dia, estes tapes sejam disponibilizados com qualidade de vídeo profissional, pois eles são indispensáveis para filmografia  e biografia do rei. Viva Elvis!

Solidonio.

Colaborador do Almost Elvis JP

22/10/2018

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