Orion, o homem que não queria ser Elvis
Provavelmente nenhum outro astro pop ganhou tantos sósias como Elvis Presley, alguns pela aparência e trajes e outros pela imitação vocal. Um deles era um cara chamado Jimmy Ellis que tinha dois talentos: cantar e, inadvertidamente, soar quase exatamente como Elvis. Ele não imitava, essa era mesmo a sua voz. Em 1962, ele concorreu em um show de talentos de músicas gospel e venceu. Então começou a participar de um concurso atrás do outro e ganhava todos. Infelizmente, apesar de um começo promissor e inclusive performances na televisão, Ellis não se tornou uma sensação pop.
Ellis tinha a vida resolvida, nasceu em uma família abastada e ganhava a vida como ginete de exibição. Mas em 1970, com 30 anos, deixou tudo para ir a Los Angeles realizar seu sonho de ser cantor. As coisas não foram tão fáceis como ele esperava, com base nos concursos que vencera, e teve que cantar em bares e clubinhos para começar a ser reconhecido. Mas então veio a morte de Elvis e Shelby Singleton, proprietário da lendária Sun Records, onde Elvis gravou seu primeiro sucesso, teve uma ideia bizarra surgida de um livro.
Gail Brewer-Giorgio escreveu uma novela sobre a morte de Elvis, intitulada "Orion", em que imaginava que o cantor protagonista fingia sua própria morte para fugir da fama. Shelby tinha planos de dotar o livro de uma trilha sonora para convertê-lo em filme, e uma de suas produtoras, que já conhecia Ellis, soube que ele seria a ferramenta perfeita de marketing. Com um inconveniente: ele teria de bancar o cantor misterioso e não poderia mostrar claramente o rosto.
Shelby fez uma oferta irrecusável e apesar de Ellis se mostrar muito reticente, nem gostar da ideia, o empresário lhe convenceu dizendo: - "Ou põe esta máscara ou pode voltar para o Alabama para cuidar de seus cavalos".
Jimmy pôs e a partir daí foi um sucesso. Deixou de cantar em bares e passou a distribuir beijinhos para frenéticas admiradoras em grandes shows. Gravou discos, fez turnês com sua própria banda, tinha seu próprio manager... E os jornais começaram a publicar matérias sensacionalistas que gerariam uma das maiores conspiranoias da história: "Elvis mão morreu?"
Ellis desfrutou da fama, dos shows, das viagens... O único problema é que ele odiava ser Orion, Ellis nem sequer se considerava um imitador de Elvis, ele achava que era um artista real, único, capaz de escrever e cantar suas próprias canções. Frustrado pelas limitações de seu trabalho e incapaz de expressar-se musicalmente, começou a sofrer de crise de identidade.
Ele começou a acreditar que era irmão bastardo do Rei do Rock, que tinha sido dado para a adoção quando tinha dois anos. Os pais de Elvis, Gladys e Vernon Presley, haviam se separado por um tempo em meados da década de 1940, e Vernon teria vivido perto de onde Ellis nasceu no Alabama. Durante algum tempo, Ellis realmente acreditou que Vernon era seu verdadeiro pai, o que explicava porque ele tinha tantas semelhanças estranhas com Elvis.
Na véspera do ano novo de 1983, Orion se apresentou em uma grande exposição no maior show que já tinha feito. No final de sua performance, inesperadamente rasgou a máscara na frente de uma multidão de 15.000 pessoas e anunciou que não era Orion, era James Ellis. Fotos do momento estamparam capas dos jornais em todo o país, porque muitas pessoas acreditavam que Orion era mesmo o Rei do Rock disfarçado.
Remover a máscara resultou no fim da carreira de Orion e, lógico, de Ellis. Shelby Singleton, mais tarde, disse que quase 100 clones de Elvis entraram em contato com ele com o objetivo de ressuscitar Orion. Mas ele nunca mais quis recriar o projeto porque, assim como Elvis, Orion era único e morreu no dia em que Ellis rasgou a máscara. Na verdade Shelby teria confessado a amigos íntimos que considerava Ellis melhor cantor do que Elvis.
Jimmy Ellis, por sua vez, havia tentado tanto tempo ser uma estrela com brilho próprio, que simplesmente não conseguiu parar, mesmo depois do desastre de Orion. Ele passou a cantar em feiras e pequenos clubes sob vários pseudônimos: Jim Ellis, James Ellis, Ellis James, mas nunca mais Orion.
Estranhamente, porque a maioria das pessoas o conhecia como o cara da máscara, ele continuou usando máscaras decoradas com strass no palco. Ainda nos meados dos anos 90, Ellis conseguia atrair uma audiência de cerca de 500 pessoas por noite, mas estes shows não eram o bastante para ganhar a vida, assim que ele aumentava sua renda com diversas empresas com base nos negócios da família.
Ele tinha uma loja de bebidas alcoólicas, uma loja de conveniência, um posto de gasolina e uma loja de penhores. Ele estava no balcão dessa última em 1998, quando ele e a esposa foram assassinados por um ladrão armado. Ellis tinha 53 anos.
Fonte: https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=40503
Elvis Monteiro Almost-Elvis Jp
Documentário sobre Orion:
ORION: The Man Who Would Be King, a film by Jeanie Finlay tells the story of Jimmy Ellis – an unknown singer plucked from obscurity and thrust into the spotlight as part of a crazy scheme that had him masquerade as Elvis back from the grave.
With a fictional identity torn from the pages of the best selling novel Orion by Gail Brewer Giorgio, the backing of the legendary birthplace of rock ‘n’ roll Sun Records and a voice that seemed to be the very twin of Presley’s himself, the scheme – concocted in the months after Presley’s death exploded into a cult success – and the “Elvis is alive” myth began.
The story of Orion proves that fact is indeed ‘stranger than fiction’. This is the story behind that story. Who was that masked man?
Trailer:
Segue um execelente albúm de Orion: